Em sementes, plantei pensamentos
no quintal de minha mente
e quando amanhece
abro as janelas e escancaro as portas
corro às pressas à minha horta
para ver se já brotaram, se já cresceu algum rebento.
Fico ali no silêncio a comtemplar
as sementes que germinam lentamente,
rompem o chão sem violência,
como pedindo licença para passar
e que crescem invisivelmente a olhos vistos
que meus olhos nem percebem nem pressentem.
Às vezes me espanto:
como cresceram à minha ausência
imperceptivelmente lançam raízes no lodo
denso de minha mente
e fazem de mim plantação de sonhos
que sobem como trepadeiras pelos cantos,
uns se alastram mudos, outros se agarram aos prantos,
uns choram de fome, outros gritam de sede e de aflição,
outros enfim se misturam à terra que esconde suas dores
e bebem de antigas e novas mágoas
e procuram no desespero a vida no pouco húmus
que meu chão pisado encerra, terra batida e gasta
por tantos pesares e vagos sonhares.
22/11/2007
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