Influência de outros escritores...
Se o senhor tivesse de falar de influência no seu livro JR, quem o senhor apontaria como escritor ou escritora que possa tê-lo influenciado?
Quem escreve certamente guarda influências dos autores lidos. Guimarães Rosa me parece imprescindível em desvendar os mistérios da alma humana. Clarice, também, considero-a extraordinária artesã da palavra, mostrando que num único gesto se escondem muitas vidas e muitas mortes. Quem sabe, Fernando Pessoa, Drumonnd, Lins do Rego, Machado de Assis e até mesmo J.K. Rowling da série Harry Porter, os Irmãos Grimm? Hemingway, Charles Dickens, Herman Melville, Vitor Hugo, Júlio Verne, a Bíblia, Joseph Conrad, os relatos mitológicos?
Talvez ainda Rudolf Raspe com o seu Barão de Münchhausen e suas fantásticas e desmedidas aventuras. Não creio que possa indicar um escritor ou uma escritora que tenha me influenciado... Todos me influenciaram e ninguém me influenciou.
Todos foram re-significados. Talvez, a literatura oral ouvida de meus pais e dos contadores de histórias que me faziam tremer de medo e revirar na cama ou correr para o colo de meus pais quando criança... Fui sempre um “cara” muito impressionado e impressionável.
Sou voltado ao sinestésico. Sinto cheiro de poeira dos redemoinhos que crescem nas encruzilhadas da vida e o vento morno ou frio nas costas.
E, em tudo, vejo mistérios, pois nada é o que vemos. Aqui rendo uma homenagem a meus pais, exímios contadores de história do mundo antigo e de casos de assombrações (acontecidos). Eles juravam que tudo acontecera de verdade e que tinham vistos com os próprios olhos...
Para mim, a modernidade é como os remédios: têm muitas vantagens, mas também seus efeitos colaterais. Cura de um lado e complica do outro. Talvez sem ela, não tivesse tido tempo para escrever JR, pois não teria sobrevivido a uma TB.
Vania A. G. Figueiredo. Monografia sobre a obra JR e a maldição murium.